03 de Março de 2021
A audiência pública realizada
nesta quarta-feira, dia 03 de março de 2021, tratou sobre os dispositivos da
Lei Nº1.158/2010, que disciplina a concessão dos auxílios aos assegurados pelo PREVICORURIPE,
a procuradora do Executivo, Júlia Graziela, explicou que em 2019 foi aprovada
no âmbito federal a Emenda Nº103/19, que promoveu as reformas de todos os
regimes previdenciários brasileiros.
Atualmente o PREVICORURIPE possui
354 beneficiários entre aposentados e pensionistas, com 1.385 pessoas
contribuindo. A procuradora afirmou que não há efeitos retroativos na Lei,
passando a vigorar após 90 (noventa) dias da sanção da Lei.
Entre as modificações impostas,
está a adequação da alíquota de contribuição dos servidores ativos e
aposentados, que saiu de 11% para 14% de desconto sobre os salários de
servidores ativos e inativos nas três esferas de governo.
Em dezembro de 2019 foi editada
uma portaria da Secretaria Especial de Previdência Social, vinculada ao
Ministério da Economia obrigando que os entes implementassem esses reajustes
sob pena de não ser concedida a Certidão de Regularidade Previdenciária (CRP),
que permite ao ente receber transferências federais, firmar convênios e
empréstimos, obter avais, além de fazer a complementação e compensação da previdência.
Na época da divulgação
da portaria ficou estabelecido o dia 31 de julho de 2020 como prazo final para a
adequação nos municípios. Devido a pandemia do Coronavírus, o prazo foi sendo
prorrogado até o dia 31 de dezembro de 2020, prazo final da declaração de
calamidade pública. Embora o país esteja em estado de calamidade atualmente, não há mais
prazo legal para prorrogação.
Graziela explicou que a
preocupação da gestão é que a CRP de Coruripe está com prazo de vencimento para
o próximo dia 09 de março. Se o município não comprovar que já aplicou o novo
percentual estabelecido pela legislação poderá perder diversos benefícios.
A procuradora reforçou que, embora
tenham alterações, os benefícios não tiveram modificações, a exceção da licença
maternidade, que desde 2008 poderia ter sido estendida de 120 para 180 dias.
Apesar do município não ter aderido anteriormente, a atual gestão está se
adaptando para implementar o novo prazo.
Vereadores manifestam insatisfação
no aumento da alíquota repassada aos servidores
Praticamente todos os vereadores mostraram
grande insatisfação em aprovar a Lei que prevê o aumento no desconto tributário
para 14% para os servidores públicos ativos e inativos do município. Durante a Audiência,
a procuradora respondeu mais de uma vez perguntas sobre a projeção de arrecadação,
prorrogação de prazos para implantação do desconto, entre outros itens.
Ródio Enéas questionou a
possibilidade de adiar o início da vigência da nova alíquota, caso o governo
federal emita algum decreto adiando o prazo para aplicação das alterações da
Lei. Enéas explicou que todos os vereadores estão insatisfeitos em implantar a
nova alíquota de desconto dos servidores.
Em resposta, a procuradora
explicou que o Congresso Nacional e o presidente Jair Bolsonaro não sinalizaram
adiamento do prazo e que os descontos serão aplicados para todos os servidores,
do Executivo e Legislativo e o município passa a pagar mais caro pela previdência.
Gutemberg Breda e Henrique
Beltrão afirmaram que a Lei foi empurrada “goela abaixo” dos estados e
municípios e agora são os trabalhadores que pagam a conta. O vereador ressaltou
que todo o Legislativo se empenhou para não elevar a alíquota, mas o município
não possui superavit para manter os 11% no desconto para o servidor.
Franciney Joaquim, Gildo Castro, José
Gildo, Ivan Faustino, Edinaldo Morais e Ailton Lessa destacaram que não só os
servidores, mas os cofres públicos também vão pagar mais caro. Apesar do
impacto, os parlamentares ressaltaram que se o Legislativo optar por não
aprovar a Lei, os impactos para o município serão piores.
Ailton Lessa e Mesaque Padilha
relembraram que todos os artigos do Projeto de Lei foram aprovados, foi criada
uma Emenda para postergar o prazo para implantação do reajuste durante todo o
ano de 2020, justamente para evitar o impacto no bolso do trabalhador.
O presidente, Dalmo Porto, reforçou que o debate precisa ser bastante ampliado e todos os questionamentos respondidos, para que não reste dúvidas para a população.
Cícero Batista, cidadão presente
na Audiência, questionou se a Lei terá efeito retroativo. A procuradora afirmou
que não há efeitos retroativos na Lei, passando a vigorar após o prazo de 90
(noventa) dias após sua aprovação.
Gisélia Silva, servidora do município, manifestou sua
revolta com a aplicação do aumento no salário. “Já há pessoas passando fome em
nossa cidade, mesmo assim vamos sofrer ainda mais”, disse emocionada.
Rilvado Oliveira, professor, também manifestou sua tristeza,
mas destacou que o reajuste é um mal necessário. Kleber de Medeiros, agente da SMTT, concordou com o professor.
Sidney Alex, da rede social “Coruripe Polêmico”, ressaltou
que não existe caminho fácil para essa decisão. “A decisão é impopular e nenhum
vereador gostaria de estar aqui, mas se não aprovarem essa Lei as consequências
serão piores”, disse.
A presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de
Coruripe, Maria Célia, também esteve na Audiência e manifestou a revolta da
categoria. Ela, como grande parte dos presentes, questionou mais uma vez a
possibilidade de adiamento do prazo. A procuradora ressaltou que essa
possibilidade é impossível.